Durante o ano de 2016, a Ucanorte XXI realizou um Ensaio de Campo em Gondifelos – Vila Nova de Famalicão, com variedades de milho Euralis, com o objetivo de determinar se diferentes parâmetros de sementeira e de corte influenciavam a qualidade da silagem, nomeadamente:

  • Diferentes ciclos do milho (FAO 400,500 e 600);
  • Diferentes densidades de plantação (76000,72000,68000,65000);
  • Diferentes alturas de corte relativamente ao solo (10, 20, 30 e 40cm).

Para se ter uma silagem de qualidade os principais teores a analisar são a M.S. e o amido que esta contém. Estes dois parâmetros estão associados, pelo que os seus valores são muito semelhantes. Assim, pretende-se silagens com o máximo teor em amido para maximizar o potencial energético da silagem.

 

Parâmetro “variação do ciclo FAO”:

Por norma, ciclos de milho mais longos são os que apresentam maior produção em toneladas de M.V., e estão associados a maiores teores de M.S. No entanto, nem sempre tal se verifica, como é o exemplo de uma das variedades de ciclo mais curto deste ensaio – ciclo 400, que regista maior teor M.S./M.V., representando cerca de 38,6% da produção total, o que permite obter-se uma maior eficiência no regime alimentar dos animais.

Parâmetro “altura do corte”:

A altura do corte a um nível mais elevado do solo traz mais vantagens do que um corte inferior. Embora a percentagem em M.V. seja menor no corte a 40cm de altura, foram estas amostras que apresentaram maior teor M.S. e em amido, o que se traduz numa maior produção de amido por hectare e, por conseguinte, uma silagem de qualidade superior.

Exemplo:
Para a produção de 35 Lts. de leite por vaca por dia, com a silagem cortada a 40cm de altura seria necessário fornecer a seguinte alimentação (kg/vaca/dia):

  • Silagem 33,90 Kg
  • Palha Trigo 1,50 Kg
  • Mistura 9,00 kg

 

Por outro lado, ao recorrer-se à silagem com um corte efectuado a 10cm de altura, para se obter a mesma produção diária de leite, terá que se aumentar a silagem em 3,9kg/vaca/dia e a palha trigo em 1,4kg/vaca/dia. Caso não sejam efetuados estes acréscimos, tem-se uma descida na produção de leite de 2,8L/vaca/dia.

Relativamente ao parâmetro “densidade de plantação”:

A densidade de plantação é vulgarmente julgada como sinónimo de maior produção. Contudo, com este ensaio foi possível concluir que verifica-se precisamente o oposto, resultando em maiores produções aliadas a silagens de qualidade superior. Assim, com a densidade de 65.000plantas/ha obteve-se mais toneladas de M.V. e maiores teores em M.S. Tendo em conta que a essa densidade, comparativamente com densidades de 76.000 plantas/ha tem-se menos 11.149 plantas, consegue-se alcançar menores custos nos factores de produção, como na aquisição de semente, na fertilização e no consumo de água.

Exemplo:
Para a produção de 35 Lts. de leite por vaca por dia, com uma densidade de plantação de 65.000 plantas/ha seria necessário fornecer o seguinte regime alimentar (kg/vaca/dia):

  • Silagem 38,60 Kg
  • Palha Trigo 1,50 Kg
  • Mistura 9,00 kg

 

Com a silagem proveniente de densidades superiores com 76.000 plantas/ha, para produzir 35L de leite/vaca/dia, terá que se aumentar a silagem em 0,9kg/vaca/dia e a mistura em 350g/vaca/dia. Sem estes acréscimos, tem-se uma descida na produção de leite de 0,7L/vaca/dia.

Departamento Técnico da UCANORTE XXI