O Epitrix Papa é um pequeno coleóptero crisomelídeo pertencente à família das álticas ou “pulguinhas”, cujas larvas causam estragos nos tubérculos contribuindo para a desvalorização comercial da batata.
É uma espécie exótica, tendo sido identificada pela primeira vez em Portugal em 2008, embora nessa altura como Epitrix similaris. Estudos científicos posteriores revelaram que o inseto causador dos estragos em tubérculos em Portugal e posteriormente em Espanha (em 2009 na Galiza e posteriormente nas Astúrias e Andaluzia) correspondia afinal a uma espécie que até então não tinha sido descrita e que passou a ser denominada Epitrix Papa.
Outra espécie também identificada foi Epitrix Cucumeris a qual apresenta uma morfologia e biologia muito semelhante à espécie anteriormente referida, mas cujos estragos nos tubérculos não são conhecidos.

 

Controlo da praga

Na sequência da deteção de duas espécies de Epitrix na cultura da batateira em Portugal e Espanha, foi aprovada a Decisão da Comissão 2012/ 270/ UE sobre medidas de emergência para o seu controlo com vista a impedir a dispersão tanto no país como no restante território da União Europeia livre deste organismo através do comércio de batata (consumo ou semente).
Aquela decisão foi sujeita entretanto a alterações pelas Decisões de Execução nºs 2014/679/UE, 2016/1359/UE e 2018/5/UE.
Esta praga, dado o seu ciclo biológico, pode ser disseminada essencialmente através de terra aderente aos tubérculos, pelo que as medidas estabelecidas na decisão para expedição para fora de zonas demarcadas, isto é, para zonas livres do inseto, incidem particularmente na exigência de lavagem, escovagem ou método equivalente que conduza à remoção de terra, cuja tolerância é de 0,1%.
De forma a controlar a praga no território nacional torna-se ainda necessário aplicar medidas de contenção e/ ou erradicação, as quais incluem prospeção e tratamento com produtos fitofarmacêuticos autorizados.

 

Ciclo de vida

O inseto passa pelos seguintes estados de desenvolvimento:

Ovo
Os ovos são claros, minúsculos e alongados.

Larva
As larvas são esbranquiçadas, filiformes podendo atingir 5mm no final do desenvolvimento.

Pupa
As pupas são brancas e de difícil deteção dada a sua dimensão e localização no solo.

Adulto
Os adultos são negros, forma oval ou alongada, medindo cerca de 2mm.

Dissiminação

Os adultos hibernam no solo durante o inverno sob os restos de cultura ou nas infestantes. No início da primavera os adultos emergentes migram para os campos de batateiros próximos, dando assim início ao período de acasalamento. As posturas são efetuadas no solo de forma escalonada junto dos caules da batateira. As larvas eclodem e dirigem-se para a superfície dos tubérculos onde se alimentam na zona da casca, abandonam a superfície dos tubérculos para se transformarem em pupas no solo. Destas pupas emergem os adultos de verão que colonizarão novas batateiras dando inicio a novo período de acasalamento e novas posturas. Este inseto poderá ter 2 ou mais gerações por ano.
Os adultos alimentam-se da folhagem provocando pequenos orifícios que conferem um aspeto crivado às folhas. Este estrago pode provocar perda de rendimento da cultura. Nos tubérculos podem ser observadas galerias subepidérmicas causadas pela alimentação das larvas com traçado sinuoso em forma de arabescos. No final do outono os adultos entram em dia pausa para passar o inverno no solo.

Sintomas nas folhas

Sintomas nos tubérculos

Meio de controlo preventivo

O controlo desta praga baseia-se principalmente numa estratégia preventiva cujo objetivo é o de impedir o repouso de adultos hibernantes durante o inverno, reduzindo a população de um ano para outro. Assim, como medidas preventivas destacam-se:

  1. Limpeza dos campos, destruição dos restos de cultura, eliminação das zorras e infestantes (potenciais abrigos de hibernação);
  2. Rotação com culturas não solanáceas;
  3. Para prevenir a dispersão da praga, e caso a batata não seja para expedir para fora da zona demarcada, recomenda-se que na colheita e na comercialização sejam minimizadas as quantidades de terra aderente.

 

Tratamento químico

A vigilância, principalmente na emergência das folhas, permite a deteção precoce da praga e/ou de sintomas, sendo essencial para seu controlo eficaz.
O tratamento de primavera para combater os adultos hibernantes de inverno que iniciam a sua atividade evitará as posturas e desenvolvimento de larvas causadoras dos estragos nos tubérculos bem como permitirá reduzir os níveis populacionais nas gerações seguintes.
Existem diversos produtos fitofarmacêuticos autorizados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária – DGAV para controlo de Epitrix sp.