As pastagens biodiversas ricas em leguminosas apresentam diversas vantagens em relação às pastagens naturais ou culturas forrageiras baseadas numa só ou num número reduzido de espécies ou cultivares.
Numa pastagem, as leguminosas associadas a bactérias de rizóbio, têm capacidade para fixar elevadas quantidades de azoto atmosférico, que geralmente se situam entre 75-200 kg em sequeiro, e entre 150-500 kg/ha em sistema de regadio. As leguminosas assumem assim uma importância acrescida quando incluídas em pastagens, já que a fixação simbiótica do azoto substitui com grande vantagem as quantidades de adubo azotado que, de outro modo, teriam que ser aplicados para conseguirmos níveis de produções idênticos, com os inerentes aumentos de custos de produção e o impacto negativo no meio ambiente.
A diversidade de espécies quando presente na pastagem, contribui também para a melhoria das características físicas, químicas e biológicas dos solos, os diferentes sistemas radiculares, em forma, profundidade e densidade, melhoram a sua fertilidade e permitem uma melhoria da estrutura e uma maior eficiência na exploração do solo a diferentes profundidades, contribuindo para que as plantas tenham um maior aproveitamento da água e nutrientes disponíveis aumentando assim a produção de forragem.
O azoto fixado pelas leguminosas está não só na origem de um aumento da produção de alimentos a baixo custo, como também a um aumento da fertilidade do solo, possibilitando assim a recuperação de solos marginais e de baixa fertilidade. O índice de área foliar presente numa mistura biodiversa, permite uma maior eficiência na fixação do carbono e na síntese dos constituintes vegetais, com benefícios positivos sobre a produção de biomassa, desempenhando assim um papel importante na estabilidade da produção.
A presença de várias espécies com diferentes capacidades de adaptação às diferentes condições de solo, como a fertilidade, a profundidade, a drenagem, o pH, etc., acabam por revestir melhor os solos do que se a pastagem ou cultura forrageira fosse formada por uma só espécie ou cultivar.
Na alimentação dos animais, as leguminosas melhoram qualitativamente a qualidade do alimento devido ao seu elevado nível de proteína e a uma maior capacidade de ingestão. As pastagens biodiversas ao serem constituídas por diferentes espécies e cultivares, com composições químicas diferentes, oferecem um alimento mais completo e equilibrado em energia e proteína, rico em vitaminas e sais minerais, bem como outros nutrientes interessantes, onde se destacam os taninos condensados, presentes em algumas espécies, que atuam como anti-timpânicos, anti-helmínticos, antidiarreicos e ainda como geradores de proteína by-pass. A presença de espécies ricas em taninos condensados assumem uma importância considerável sob o ponto de vista de saúde animal, sendo indispensável procurar que as misturas biodiversas contenham, um contributo significativo de espécies ricas naquele elemento.
As pastagens biodiversas ricas em leguminosas contribuem para a sua persistência na instalação e manutenção, de facto a utilização de espécies e cultivares com ciclos vegetativos diferentes e precocidades diferentes dentro de cada espécie, permite que nos anos mais secos, sobrevivam as cultivares mais precoces, enquanto nos de primavera com chuvas mais prolongadas os ciclos mais longos não sejam afetadas na sua persistência, assegurando assim maior produção.
Texto: Equipa Técnica Ucanorte XXI