A batata, Solanum tuberosum, é uma espécie da família das Solanáceas originária da América do Sul, a que pertence também o pimenteiro, o tomateiro e a beringela. A batata foi introduzida na Europa pelos espanhóis, aquando da conquista do império Inca. Crê-se que a difusão da cultura na Europa e no mundo tenha surgido a partir de Espanha e Inglaterra.

Em Portugal, o início da expansão da batata ter-se-á iniciado em meados do século XIX, embora existam referências anteriores a esta data da sua presença no nordeste do país, onde substitui a castanha na alimentação.

A cultura produz-se por quase todo o país, embora predomine nas regiões de Trás-os-Montes, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste. Trata-se de uma cultura importante, apesar de ter sofrido um decréscimo acentuado nas últimas décadas. Representou no ano de 2017 cerca de 23.735 ha de superfície cultivável, com uma produção de 515.030 toneladas (fonte: INE, Estatísticas Agrícolas – 2017).

A batata é uma planta herbácea de carácter vivaz, mas cultivada como anual. O produto de valor comercial são os seus tubérculos que têm vários tipos de utilização: para alimentação humana em fresco ou processada, para alimentação animal, como matéria-prima para várias indústrias não alimentares e para a obtenção de batata semente.

 

A cultura da batata

Esta cultura prefere solos de textura franca com boa drenagem e terra arejada. São de evitar terrenos pedregosos e com zonas baixas, já que estas são susceptíveis de ficarem alagadas.

A fertilização das plantas é de extrema importância para a obtenção de maiores produções e melhor qualidade dos produtos finais e, por conseguinte, maior rentabilidade das explorações. É importante salientar que uma planta bem nutrida possui uma maior resistência a carências hídricas, ataques de pragas e doenças e melhores índices de conservação pós-colheita.

Assim, para se maximizar a produção da batata deve-se fazer uma análise de solo para compreender as correções a fazer para que, de uma forma sustentável, apenas se apliquem os nutrientes necessários ao terreno em questão, tendo sempre em conta as extrações da cultura. Desta forma, minimiza-se o impacto ambiental, ao mesmo tempo que se diminui os custos de produção.
Em situações de solos ácidos, é importante proceder à sua correção para garantir a diminuição dos efeitos tóxicos de alguns micronutrientes, bem como para aumentar a eficiência da utilização dos macronutrientes (Figura 1).

Gráfico 1. Disponibilidade de nutrientes para as plantas em função do valor do pH do solo.

Contudo, é importante fazer esta correção na cultura que antecede a batata para não se criarem condições favoráveis ao desenvolvimento da sarna comum (Streptomyces scabiei), doença causada por um fungo que provoca perdas no valor comercial das batatas.

De uma forma geral, deve-se dar preferência a um calcário de origem dolomítica pelos teores que este apresenta em magnésio, nutriente extremamente importante para a batata e muito deficitário nos solos da nossa região.

A batata beneficia da fertilização orgânica. A matéria orgânica melhora a estrutura do solo, aumentando a capacidade de retenção de água e o aquecimento do solo, favorável à cultura. Também aumenta a capacidade de troca catiónica, indispensável para uma boa absorção dos nutrientes por parte das plantas, para além de que contém, ela própria, nutrientes necessários às mesmas. É ainda o suporte da atividade microbiana existente no solo, importante para o cumprimento do ciclo dos principais macronutrientes.

A batateira tem um crescimento rápido e com grande exigência nutricional num curto período de tempo. Num ciclo de 90 a 150 dias, a absorção máxima de azoto, potássio, magnésio e enxofre ocorre normalmente entre os 40 e 50 dias após a emergência. O fósforo e o cálcio são absorvidos continuamente até 80 dias após a emergência (Pádua et al., 2012). Durante a tuberização a planta absorve cerca de 50% dos macronutrientes principais, o azoto, o fósforo e o potássio (Almeida, 2006).

Os valores de extração dos nutrientes pela cultura são variáveis, dependendo de vários fatores, como o tipo de solo, o clima, a variedade, a época de plantação, entre outros, mas de uma forma geral, pode-se ter em conta as necessidades que se encontram no quadro 1.

Tabela 1. Extração de nutrientes pela cultura da batata (J. Quelhas dos Santos, 1983).

Macronutrinentes

O azoto é um nutriente primordial na fertilização de qualquer planta. Promove o aumento da área foliar e, por conseguinte, a superfície disponível para a fotossíntese e o teor de hidratos de carbono. Como faz parte da molécula da clorofila, os sintomas da sua deficiência demonstram um amarelecimento das folhas, principalmente das mais velhas. Contudo, o excesso de fertilização com este nutriente pode aumentar o vigor da planta, criando condições de falta de arejamento que favorecem o aparecimento de fungos. Este excesso também condiciona a formação de células maiores e paredes celulares mais finas, o que torna as folhas mais suculentas e frágeis, ficando assim mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças. Este nutriente não deve ser aplicado no final do ciclo de forma a não afetar a tuberização.

O fósforo é muito importante no período vegetativo inicial, pois determina o desenvolvimento do sistema radicular, o que irá condicionar o número de tubérculos por planta, logo, a sua produção final. Apresenta uma importante relação na absorção de outros nutrientes, como o potássio, azoto e cálcio para além que estimula a tuberização e acelera a maturação dos tubérculos.

Outro macronutriente muito importante para a batata é o potássio. É essencial para a formação do amido, o qual melhora as qualidades culinárias de conservação. É determinante na quantidade e qualidade da produção esperada e na resistência a várias doenças. Intervém na maioria das funções fisiológicas que ocorrem nas plantas, sendo por isso muito importante na regularização do regime hídrico das mesmas.

O magnésio desempenha diversas funções, salientando-se a sua presença na composição da clorofila. Os sintomas de carência verificam-se inicialmente nas folhas mais velhas com um amarelecimento entre as nervuras. A sua presença permite melhorar o aumento da produção de tubérculos, assim como o seu volume e teor em matéria seca.
O enxofre intervém na síntese de proteínas, sendo muito importante na qualidade e na conservação dos tubérculos, e na redução da incidência da sarna. As necessidades em enxofre da batata são muito idênticas às do magnésio.

Na divisão celular e na formação da parede celular, o cálcio exerce um papel fundamental, sendo por isso responsável pela maior resistência ao rachamento e à presença de deformações. Há que ter em conta que é um nutriente com baixa mobilidade na planta, pelo que deve ser disponibilizado o mais cedo possível, de forma a garantir a sua presença em estados fenológicos mais avançados das plantas. O sistema radicular é também afectado pela sua carência.

 

Micronutrientes

A cultura é também sensível às carências de manganês, zinco e ferro. São designados de micronutrientes pela pequena quantidade que é necessária para o normal funcionamento das plantas. São, assim, indispensáveis às plantas, sendo que a sua ausência provoca o aparecimento de sintomas de carência e o seu excesso fitotoxicidade, pelo que a sua fertilização deve ser bastante controlada.

A batata é muito sensível à carência de boro. Este micronutriente é responsável pelo fortalecimento e coesão dos tecidos celulares, melhorando assim a qualidade dos tubérculos pós-colheita e diminuindo a presença de deformações aquando da tuberização.

O sucesso da produção da batata, como de qualquer outra cultura, é o reflexo de uma série de condições bióticas e abióticas. Destas, algumas são passíveis de controlar como é o caso da fertilização, cuja base é o solo, o principal suporte físico e nutritivo das plantas. A fertilização não pode ser vista como uma ciência matemática, dada a grande interacção de processos que ocorrem no solo, mas como uma forte aliada para a obtenção de maiores e melhores produções.

Com base nas exportações estabelecidas para a cultura da batata e com o conhecimento das condições edafo-climáticas da região, a Ucanorte XXI elaborou uma fórmula especial de adubo granulado, o Ucafert 12-7-24 (NPK) + 2 Magnésio + 5 enxofre.

Dulce Medeiros, Eng.ª Agrícola – Ucanorte XXI