Na conjuntura atual, o aumento da rentabilidade das explorações leiteiras, passa indubitavelmente pela redução dos custos das explorações. A alimentação é responsável pela maior fatia desses custos, o uso das pastagens e forragens pode ser uma alternativa interessante para atingir esse objetivo.
Existem atualmente dois tipos de explorações agropecuárias no nosso país:
- Sistema intensivo – com animais estabulados e alimentação à base de ração, suplementados com algum tipo de forragem.
- Sistema extensivo – baseado no pastoreio, sendo os animais com maiores necessidades suplementados com forragens e alguma ração
Custos da alimentação animal
A ração, maioritariamente constituída por grãos (cereais e outros), é atualmente um dos principais custos das explorações agropecuárias.
A pressão sobre o preço das rações, causada pelo aumento da procura a nível internacional e pela enorme dependência de fortes inputs energéticos de origem petrolífera (biocarburantes) na transformação e produção do grão, impede a sua redução a curto/médio prazo.
O preço é particularmente elevado nas matérias-primas fonte de proteína (soja), uma vez que a sua produção é realizada em locais muito distantes dos locais de consumo (norte e sul da América) não sendo ainda assim suficiente para satisfazer a procura oriental (China e Índia).
Oportunidades
O clima mediterrâneo tem características únicas para a produção de proteína a baixo custo. Como? Através do aproveitamento da simbiose entre o rizóbio e as leguminosas garantindo elevadas taxas de fixação de azoto. As leguminosas são plantas melhoradoras da estrutura e fertilidade do solo, importantes na rotação de culturas possibilitando a redução dos custos com adubações azotadas.
O sistema digestivo dos ruminantes evoluiu no sentido de aproveitar ao máximo a erva. No entanto, a pressão exercida para reduzir os ciclos produtivos conduziu inevitavelmente à intensificação dos sistemas através da alimentação à base de ração – grão. Esta alimentação tem menor aproveitamento (por ter menor digestibilidade), e custos energéticos muitíssimo superiores, e tal como referido anteriormente, não há perspectivas a curto prazo de redução nos custos energéticos da mesma.
Soluções
As pastagens e forragens bio diversas ricas em leguminosas são a solução mais adequada para toda a região mediterrânea.
Todo o alimento consumido no local de produção terá sempre custos energéticos inferiores ao alimento que vem de fora da exploração. Os benefícios aumentam em função da qualidade do alimento produzido: maior qualidade aporta maior benefício.
Densidade valor animal
Quando falamos em qualidade, falamos em qualidade nutritiva dos alimentos valorizando o seu conteúdo em proteína, energia (calculada em Unidades Forrageiras – UF) e digestibilidade. As forragens ricas em leguminosas representam o alimento que mais fácil e eficientemente reúnem e disponibiliza estes três parâmetros.
A consociação de gramíneas com leguminosas devidamente inoculadas com rizóbio permite obter forragens alta qualidade, com proteína mais elevada e com fibras mais baixas melhorando a digestibilidade e a velocidade de ingestão.
Conclusões
As rações continuarão a desempenhar um papel importante como complemento alimentar na produção agropecuária, mas parece ser claro que a alimentação animal deverá voltar a alterar de hábitos de forma a tirar partido das condições únicas e favoráveis do nosso país para a produção de pastagens e forragens de alta qualidade nas nossas próprias explorações.
Temos condições de solo e clima para produzir forragens de boa qualidade para utilizar em vacas de leite em produção. É importante fazer a escolha das sementes e maneio adequados e estabelecer como prioridade a alta densidade alimentar das forragens em detrimento da quantidade e volume com baixo valor nutricional.