O milho é a cultura arvense mais importante em Portugal, estimando-se que envolva mais de 75.000 explorações agrícolas, ocupando 150.000 hectares de área cultivada do norte e sul do País. O milho nacional representa cerca de 35 a 40% do consumo interno, sendo as restantes necessidades preenchidas por milho importado de várias regiões do mundo.

Ao longo dos últimos anos temos assistido à desistência sistemática da produção de leite, que se traduz no abandono de terras ocupadas pela cultura de milho com destino à silagem. Pretendemos aproveitar os conhecimentos adquiridos ao longo dos últimos anos pelos Produtores na produção de milho, com o intuito de incrementar novamente uma cultura de milho grão que já ocupou grande parte da região e que, por falta de infraestruturas, não se desenvolveu ao mesmo ritmo que em outras localidades.

A Direção da Ucanorte XXI, atenta a esta necessidade, decidiu investir na instalação de um secador de milho com grande capacidade, criando assim condições para que os Produtores possam aí secar o milho produzido. Um dos fatores limitativos na produção de qualquer cultura é a garantia de escoamento do produto final, que neste caso será assegurada dentro das condições de mercado.

Esta nova forma de abordar a cultura requer uma profissionalização dos Produtores, pois vamos estar em pé de igualdade com a concorrência de outras regiões que há muito produzem milho para o mercado. Essencialmente, a produção de milho com destino a silagem ou grão tem por base os mesmos princípios, no entanto, é necessário reforçar os cuidados quando o destino do milho é para grão. De seguida, serão abordados alguns aspetos da produção, com destaque para fatores principais que podem influenciar a produtividade do milho grão por hectare.

 

Preparação do solo e sementeira

É nesta fase que serão iniciados os trabalhos, tendo como objetivo a máxima produção por hectare. A preparação do solo deve ser de forma a criar uma estrutura de solo favorável a uma rápida e homogénea germinação, assim como um bom desenvolvimento do sistema radicular, que permita à planta uma boa sustentabilidade e um conveniente aproveitamento da água e nutrientes.

Na produção de silagem, a escolha do ciclo da variedade é uma decisão importante já que pode comprometer a qualidade do produto final. Quando a cultura tem como destino o grão, esta decisão torna-se ainda mais fundamental porque não só aumenta o risco da colheita decorrer num ambiente invernal (risco de chuva e vento), assim como de ser feita com humidade alta, encarecendo a matéria-prima com gastos desnecessários na secagem. Por estas razões, é preciso encarar esta fase com atenção e cautela, e tomar decisões conscientes de forma a minimizar os riscos. Quanto à densidade de sementeira, esta deve ser a recomendada pelas empresas detentoras da marca de milho, pois têm como base centenas de ensaios que lhes permitem recomendar uma densidade para obter o máximo potencial das variedades. A velocidade de sementeira deverá ser 4-5 Km/hora, para atingir uma maior homogeneidade da germinação.

 

Fertilização

Todos os nutrientes são importantes para o sucesso da cultura, mas o azoto em particular deverá ser planeado com algum cuidado, devido ao forte impacto que poderá ter, não só a nível económico, mas também ambiental.

A aplicação de azoto deve ter em consideração os seguintes aspetos:

  • Necessidades de azoto pela cultura de milho;
  • Fornecimento de azoto à cultura do milho a partir do solo;
  • Coeficiente de utilização do azoto aplicado no ano em causa, através de fertilizantes orgânicos e minerais;
  • O aumento da mineralização das formas orgânicas de azoto no solo devido às regas;
  • O fornecimento de azoto originalmente contido nas águas de rega.

 

Um dos pontos mais importantes é termos presente que o ritmo de absorção do azoto varia ao longo do ciclo cultural do milho:

  • Até à fase das 8-10 folhas – 10% do total de azoto absorvido
  • Das 10 folhas até ao escurecimento das barbas – 60-70% do total absorvido;
  • Durante o enchimento do grão – 20-30 do total absorvido.

 

Tendo em conta este ritmo de absorção devemos fracionar a fertilização de forma a colocar ao dispor das plantas o nutriente de acordo com as suas necessidades. Quando a cultura se destina à produção de grão, as normas gerais a reter, relativamente às necessidades em azoto, são as seguintes:

  • 22 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de humidade) para produtividade inferior a 10000 kg/ha;
  • 21 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de humidade) para produtividade inferior a 10 12000 kg/ha;
  • 20 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de humidade) para produtividade inferior a 10 12000 kg/ha.

 

Rega

O regadio surge como a única forma de ultrapassar a característica de irregularidade pluviométrica e tirar partido do potencial de temperaturas e insolação de que dispomos na região. Com a rega, o Produtor dispõe de uma importante ferramenta para regular as produções da cultura.

A cultura do milho é sensível ao stress hídrico a partir das 10 folhas até ao estado pastoso do grão. Se ocorrer stress durante o período de floração, o número de flores é afetada, originando um menor número de grãos por m2. Se ocorrer mais tardiamente, na fase de enchimento do grão, o peso médio dos grãos diminui, comprometendo a produção. Em resumo, a água deverá ser disponibilizada ao longo do ciclo tendo em conta as necessidades da cultura na quantidade e qualidade requerida.

 

Proteção Fitossanitária

Na maioria da área cultivada em Portugal, a proteção fitossanitária limita-se ao tratamento de sementes, e a desinfeção do solo.

Pragas mais comuns:

  • Alfinete;
  • Roscas;
  • Scutigerella;
  • Ralos, etc.

 

Combate às infestantes

Na cultura do milho é conveniente eliminar, o mais cedo possível, a concorrência das infestantes para que não fiquem comprometidos os níveis de produtividade pretendidos. O combate a infestantes deve ser eficaz de modo a assegurar que estas não venham a concorrer ao nível dos nutrientes existentes e ao mesmo tempo não venham a servir de local de multiplicação de agentes de pragas e doenças.

 

Colheita

O milho está pronto para ser colhido a partir da maturação fisiológica do grão, o que acontece no momento em que 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto de inserção das mesmas com o carolo.